quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os Incríveis me fizeram voltar a pé

Nunca entre numa loja de discos quando você tiver pouco dinheiro. A menos que você seja uma daquelas pessoas controladas. O que não é meu caso. Dei o que tinha nesse compacto dos Incríveis, até o dinheiro do ônibus. O resultado é que tive que voltar pra casa a pé. Mas valeu cada centavo. Só o prazer de escutar "Vai, Meu Bem" no orginal já é recompensador. A escutei pela primeira vez na coletânea virtual Brazilian Nuggets e já gostei de cara. Esse compacto duplo é de 1968 e está imerso no clima hippie da época, misturado ainda com o típico romantismo jovem guarda. No lada A temos "Mundo Louco", que é uma versão para "Even The Bad Times Are Good". E fala que é doce viver nesse mundo, apesar dele ser louco, com a humanidade se desentendendo a toda hora, provocando confusão e perdendo a razão. Adicione ai bombas e espiões. E você tem o típico coquetel Guerra Fria & James Bond. "Molambo" é sobre o cara que aceita a mulher voltar pra ele, apesar de tudo que ela fez anteirormente. E apesar da reprovação do outros com essa reconciliação. No final o cara gosta, porque assim ele não enloqueceria de saudade e não acabaria virando "um molambo qualquer". O lada B começa com "Se Nos Disserem", uma versão para "E Se Ci Diranno". Uma típica canção anti-guerra e anti-racista made in 68. Um bom lembrete de que nosso rock daquela época não era tão alienado, como nos querem fazer crer os apologistas da mpb. E um alerta para quem gosta de caracterizar binariamente a música brasileira dos anos 60 entre o "intelectualismo" da bossa nova e a "infantilidade juvenil" alienada da jovem guarda. Encerrando o compacto temos "Vai, Meu Bem", que começa massacrando com um riff fuzz. A canção é uma ode a descrança amorosa. Uma canção sobre disilusão só poderia ser assim mesmo, um acid punk para os corações quebrados. Esse compacto duplo de 33 rotações foi lançado pela RCA Victor com o código LCD-1197.

Um comentário:

Yuri Fontela disse...

Hehehehe, acho que nunca passei por isso e olha que eu também não sou nada controlado, acredito que por ter um passe-card ajuda muito nesses momentos.