Nesse terceiro volume vamos levar nossa viagem ao patamar da obscuridade beat e garageira brasileira.
Com exceção de um ou dois grupos, esses anônimos nunca lançaram mais que um mísero compacto. Tocaram apenas em domingueiras e bailinhos adolescentes, festas de aniversário e casamentos, quermesses e batizados. Nunca foram mais do que os roqueiros do bairro, ou os transviados da rua de trás. Se tinham algum sonho de se tornarem artistas e seguir o caminho de glória dos Beatles, isso logo foi quebrado em decorrência das demandas da vida real: emprego, para os mais pobres, universidade para os "mais bem de vida".
Esse é o ethos garageiro. Uma vida curta e musicalmente precária. Um sopro adolescente até a chegada da vida adulta.
Nesse volume, poderemos escutar a primeira banda na qual Reginaldo Rossi cantou, The Silver Jets, direto do Recife dos anos 60.
Para o ouvinte acostumado aos álbuns conceituais e com embasamentos filosóficos e elucubrações artísticas, essas canções possivelmente não tenham valor algum. Mas para o roqueiro inveterado, essas canções são um poço do mais sincero e ingênuo rock. Sem pretensões de soar inteligente, com o objetivo apenas de declarar seu amor juvenil às paixões mais platônicas e aos olhos mais bonitos do colégio. Algo que você jamais conseguirá repetir aos 30 ou 40 anos de idade. É ai que reside toda "originalidade repetitiva" desses grupos, ao captar um estado de espírito que só se vive uma vez na vida.
Nomear sua banda de os Pássaros e achar isso "um estouro" é algo que está distante anos-luz de toda a pretensão cult do rock atual. Milhares de grupos batizados como se fossem gangues: Os Fugitvos, Os Drmáticos, Os Inocentes, Os Enforcados, Os Tártaros, Os Falcões Negros, Os Paladinos, Os Quentes, Os Lordes, Os Reis, Os Abstratos. No final das contas, eram realmente gangues, violentando a sensibilidade artística dos mais velhos, dos quadrados.
Espero que vocês curtam os sons e se deixem levar por todo o desespero adolescente contido neles e que possam reconhecer toda a riqueza precária desses grupos. Um brinde aos tempos e os amores que não voltam mais.
Selvagens Vol. 3 - Obscure Brazilian 60's Garage Beat and Punk Groups
10 comentários:
Gracias, a good compilation as always :)
man, como faz pra abrir esse arquivo???
abraxxx
PARABÉNS , ESPETACULAR ESSES 3 VOLUMES DOS SELVAGENS, VIVI A ÉPOCA PORÉM NUNCA OUVI FALAR DE ALGUNS CONJUNTOS. JÁ BAIXEI TODOS. EU SÓ POSSO DIZER UMA PALAVRA
ESPETACULAE. ABRAÇO
VLADEMIR
valeu vlademir! mais alguns volumes ainda virão.
claudio, para abrir o arquivo vc precisa clicar no link que abrirá na página do Mediafire e possuir o programa WinZip para descompactá-lo.
abraços!
olá. cara, achei isso sem querer. demais! parabéns! o mundo garageiro brazuca dos sixties é como o das outras partes do mundo, cada vez aparecem mais coisas.
você tirou de compactos? tenho umas coisas boas aqui em 7" que nunca foi reeditado, hehe!
abraço!
Gregor
Oi Gregor, infelismente possuo pouquíssimos compactos de garage nacional dos 60. as músicas aqui foram tiradas da WEB mesmo. Com certeza nosso rock sixtie garageiro não deixar a desejar mesmo.
Valeu! Abraço!
Caro Raphael.
Não consigo abrir o volume 3,esta extensão li não abre.
Possuo o winrar e mesmo assim não vai.
Como faço ?
Abraços e obrigado pelas raridades.
Muito bom gosto quem posta essas músicas. Época de disputa intelectual em termos de lançamento de álbuns. Obrigado pelas maravilhas postadas aqui. Pra deleite de nossas almas carentes de músicas boas.
Olá amigo,
Sou o fundador do "conjunto" (como chamávamos antigamente ) Os Pássaros e fiquei muito feliz em saber que pessoas ainda se interessam pelas origens do rock aqui no Brasil. Um pouco de nossa história está no livro de Fernando Carneiro de Campos com o título de Hits Brasil (Sucessos "estrangeiros" made in Brazil ) e conta histórias incríveis de quem era quem naquela época. Vocês verão nomes famosos e outros nem tanto (como nós rsrsrs) Sou eu o autor e cantor das duas músicas que você descobriu (Felicidade e Porque você Meu Bem ) . Lançamos este compacto simples e chegou a ser tocado na rádio Excelcior(Felicidade fêz mais sucesso) onde só tocavam os sucessos da época . tocávamos todos os domingos em um programa da extinta TV Tupi canal 4 em um programa chamado "Na Crista da Onda" com o apresentador Júlio Rosemberg e na hora do almoço tocávamos em uma casa de show "Urso Branco " na Av. Santo Amaro. Temos um pouco de história sim. Obrigado por ter lembrado !Hoje tenho 64 anos e estou aposentado . Trabalhei minha vida toda como comerciante sem nunca deixar a música , nada profissionalmente.Fiquei emocionado. Um grande abraço
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