segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O disco e a conjuntura: MC5 - Kick out the jams




"And right now... right now... right now it's time to... KICK OUT THE JAMS, MOTHERFUCKER!"

O MC5 gravou o lendário Kick out the jams entre 30 e 31 de outubro, do também lendário ano, de 1968. Enquanto os rapazes de Detroit gravavam o disco o presidente Lyndon Johnson anunciava o cessar fogo terrestre, aéreo e naval ao Vietnam do Norte. Mas nem a guerra acabaria e nem o disco seriam lançados naquele ano. O disco só sairia pela Elektra Records no início de 1969 e a Guerra do Vietnã duraria até 1975.

Kick out the jams é basicamente um disco ao vivo, mas talvez um dos mais importantes discos ao vivo do rock. Depois de 43 anos ainda dá pra entender porque se escolheu gravar o disco dessa maneira. A energia do quinteto de Detroit ainda reverbera depois de quatro décadas de remodelações no cenário do rock, na indústria fonográfica e no mundo da política.

Nosso objetivo aqui é basicamente entender o cenário que donde emergiu o grito "Kick out the jams motherfuckers". Nesse sentido nos limitaremos a elencar alguns fatos históricos relacionados com o ano de gravação do disco, 1968.

2 de outubro – Massacre de Tlatelolco: protesto estudantil acaba em banho de sangue na La Plaza de las Tres Culturas in Tlatelolco, Cidade do Mexico, Mexico, 10 dias antes da abertura dos jogos Olímpicos de Verão de 1968.
Rua Maria Antônia, no Centro de São Paulo onde se localiza as faculdades Mackenzie e de Ciências e Filosofia da USP viram palco de um conflito entre estudantes de esquerda antiditadura e estudantes de direita e militares, dezenas ficam feridos. Entre os grupos paramilitares de direita participou o Comando de Caça aos Comunistas, da qual fazia parte o hoje senhor Boris Casoy.

11 de outubro - Lançamento da Missão Apollo 7

12-27 de outubro - Ocorrem os XIX jogos olímpicos na Cidade do México

14 de outubro - A Marinha e o Exército estadunidense enviam 24 mil soldados ao Vietnam.
UNE realiza seu XXX Congresso na clandestinidade em plena Ditadura civil-militar no Brasil. O Congresso acaba sendo descoberto pela polícia e mil e duzentos estudantes são presos.

15 de outubro - Lede Zeppelin faz sua primeira apresentação ao vivo, realizada na Universidade de Surrey

16 de outubro - Na Cidade do México, os atletas negros americanos Tommie Smith e John Carlos levantam os braços em uma saudação black power, depois de vencer, respectivamente, o ouro ea medalha de bronze nos 200 metros olímpico.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Notas da blogosfera #2 - Kurt Vile, Levi's, Miami Dolphins


Kurt Vile - Smoke ring for my halo (2011)

Kurt Vile lançou em 2011 um excelente álbum pela Matador Records com o título de Smoke ring for my halo. As influências vão de Bruce Springsteen, Bob Dylan e rock de FM dos anos 70. Esse é o quarto álbum do cara e o segundo pela Matador.



O clip de Baby's arms

A música que abre o disco, Baby's arms,  mereceu um belo clip dirigido por Todd Cole, que é também fotografo de moda. O clip é ambientado no leste de Los Angeles e gira em torno de um jovem casal. Todo o clip foi gravado na câmera do Windows Mobile.


Comercial da Levi's, motins em Londres e um poema de Bukowski

No capitalismo tudo é passível de se tornar mercadoria. A Levi's, que não é boba, pegou carona nos tumultos populares em Londres para atualizar a venda de seus jeans. Usa a combatividade da juventude trabalhadora e precarizada inglesa para vender não só um produto, mas uma ideia. É mais fácil comprar um produto depois que você já comprou a ideia que ele representa. Para deixar o produto ainda mais sedutor a empresa o embalou em um poema de Charles Bukowski criando um comercial, que convenhamos, ficou bonito de se ver. Mas não se engane, esse jeans é apenas um placebo. Para saber o que realmente aconteceu em Londres, clique aqui.



Miami Dolphins - s/t (2011)

Chegou aqui nos comentários do blog o link para o bandcamp dessa banda chamada Miami Dolphins, que na verdade são de Minneapolis. A banda é composta por quatro pessoas que gravaram oito músicas para um cassette no porão e no quarto de dormir. O som é garage lo-fi com elementos de punk e até hardcore.

sábado, 13 de agosto de 2011

O original e a versão: Police and Thieves

Retomamos aqui a nossa coluna O orignal e a versão, mais uma vez fazendo uma arqueologia das referências musicais do grande The Clash. A versão original de Police and Thieves é do jamaicano Junior Murvin e data de 1976. A canção aborda o tema das guerras de gangues e da  brutalidade policial e fez mais sucesso na Inglaterra do que na própria Jamaica. Um ano depois o Clash gravaria sua versão em seu primeiro disco.




terça-feira, 28 de junho de 2011

Lixo Jovem cancela suicídio e volta com 5 bandas que valem a pena ouvir

Não tão ruim quanto banda que faz Reunion pra faturar grana, Lixo Jovem volta depois de um suicídio cancelado. Senti saudades do blog e de comentar sobre música. Vai ai uma pequena lista de bandas recentes que valem a pena conferir. E uma promessa de atualização no mínimo quinzenal. No próximo post, o retorno de dois ícones da música alternativa dos anos 80. Quem arrisca dizer quem é?



Flats - escutem!



Yuck - A volta dos som alternativo dos anos 90.



Iceage - A Dinamarca já ofereceu Cola Freaks e Gorilla Angreb, agora a nova cena vem capitaneada por Iceage.





The Pains of Being pure at Heart - Parece que depois do "novo rock" as bandas alternativas estão voltando as referências dos anos 80/90. Esse vídeo é do primeiro álbum de 2009, o segundo saiu agora em 2011 e se chama Belong.





The Vaccines - Post punk + new rock. O que melhor o hype atual está oferecendo. 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pettibon - o traço mais marcante da música independente

A capa de Goo do Sonic Youth talvez seja o trabalho mais conhecido de Raymond Pettibon. Este é o nome artístico de Raymond Ginn, irmão de Greg Ginn, o experimental guitarrista do Black Flag. Apesar de Goo ser dos anos 90 e o primeiro disco do SY com uma major, ele é mais popular do que todos aqueles flyers e capas que Pettibon fez para a banda de seu irmão no fim dos anos 70 e começo dos 80. Na verdade sua arte pertence a essa época. Pettibon é o traço mais marcante do underground norte-americano. Seus desenhos monocromáticos são a expressão visual do som artesanal daquele período de ouro da música independente. Eles me lembram o pornográfico Carlos Zéfiro, o autor dos famosos "catecismos". Dizem que quando a coisa é boa faz escola. Com Pettibon não poderia ser diferente. A emblemática capa de Goo já rendeu vários tributos. Se o nanquim produzisse som, o de Pettibon soaria como todas aquelas maravilhas do underground.

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